Respiração durante o Exercício: Nariz ou Boca?

A atividade física requer oxigênio para que os músculos funcionem adequadamente. Todos achamos que sabemos como respirar porque fazemos isso todos os dias, mas assim como precisamos aprender a otimizar a forma como nossos corpos se movem para nos tornarmos mais poderosos, nossa técnica de respiração também deve ser uma habilidade adquirida, e não instintiva. Do ponto de vista puramente da ingestão de oxigênio, não há diferença se você optar por inspirar ar pelo nariz ou pela boca. Ambas as formas levam oxigênio para nossos pulmões e, a partir daí, através das células vermelhas do sangue na corrente sanguínea, para os músculos que precisam dele para trabalhar.

No entanto, a respiração é mais do que apenas absorver oxigênio, especialmente se estamos realizando atividade física em pico ou envolvidos em movimentos complexos. Existem algumas coisas a serem lembradas que podem ser úteis. Primeiro, a mais óbvia: a respiração está relacionada ao ritmo. Quando respiramos, o diafragma e os músculos intercostais externos se contraem. O diafragma se move para baixo, aumentando o volume da cavidade torácica, e os músculos intercostais externos puxam as costelas para cima e para fora, expandindo a caixa torácica e aumentando ainda mais esse volume torácico. Este aumento de volume reduz a pressão do ar nos pulmões em comparação com o ar atmosférico fora do corpo. Como o ar sempre flui de uma região de alta pressão para uma área de baixa pressão, ele entra pelo trato respiratório (narinas, garganta, laringe e traqueia) até os alvéolos dos pulmões.

Quando exercitamos, estamos em movimento, então nada disso acontece enquanto estamos parados. Nossa atividade física (correr, pular, jogar, praticar boxe ou dançar) envolve o uso de muitos outros grupos musculares e, a menos que haja um ritmo para como tudo acontece, há um risco muito real de grupos musculares concorrentes atrapalharem uns aos outros. A inspiração se torna então trabalhoso. Nós respiramos de forma superficial em vez de profunda e nos fatigamos muito mais cedo. Também perdemos o foco no que fazemos, pois os grupos musculares do corpo acabam lutando uns com os outros, lutando para fazer o que deveria ser natural (ou seja, respirar).

Agora, para o menos óbvio: a respiração está ligada a redes neurológicas e é específica para o canal. Caminhos complexos em nosso cérebro são ativados quando respiramos de maneiras particulares, o que afeta o desempenho de nossos corpos. A forma como lembramos memórias e fazemos julgamentos emocionais é impactada negativamente quando respiramos pela boca em vez de pelo nariz. Isso tem implicações críticas em algumas atividades. Artistas marciais, boxeadores, dançarinos e ginastas, por exemplo, poderiam sofrer de desempenho prejudicado se respirarem pela boca. Como é o cérebro que orienta o corpo, atividades complexas que requerem decisões críticas a serem tomadas em momentos-chave se beneficiam mais da respiração rítmica que sincroniza os músculos e utiliza os centros do cérebro de forma mais eficaz.

Assim, você pode não notar muita diferença em seu desempenho se respirar pela boca e correr, mas se você estiver correndo uma corrida e precisar planejar sua estratégia de prova, definitivamente sentirá a diferença. O corpo e a mente estão conectados através da fisiologia do corpo e dos diferentes centros do cérebro, e a neurociência está lentamente desvendando esses segredos, em benefício de todos nós.