Como Aprender Artes Marciais em Casa e Por Que Você Deveria

De todas as coisas que você poderia tentar aprender em casa, por conta própria, as artes marciais parecem ser as menos adequadas. O misticismo do ‘conhecimento secreto’ transmitido de mestre para aluno e a imagem popular persistente de academias suadas com alunos em filas para aprender sua arte são difíceis de esquecer. No entanto, em sua essência, as artes marciais não são mais do que um meio para controlar o corpo e manobrá-lo no espaço físico.

Não é diferente, neste aspecto, de correr ou andar de bicicleta ou, em um espectro um pouco mais complexo de atividades físicas, dançar, jogar tênis, futebol e boxe. Todos esses esportes têm uma componente de prática individual. Movimentos, técnicas e treinos específicos que qualquer um pode executar em seu quintal ou em sua sala de estar. As artes marciais não são diferentes. Embora a imagem que temos da cultura popular seja a de uma pessoa que pode realizar movimentos de combate acrobáticos e mover seu corpo de formas que quase desafiam a mente, a base para esse resultado final reside em movimentos básicos e exercícios que condicionam o corpo e desenvolvem a mente.

A componente mental das artes marciais é fundamental porque o corpo humano realmente não foi feito para combate algum. Tem músculos relativamente macios quando comparados a outros mamíferos do reino animal, não possui garras ou dentes afiados e, a menos que seja exercitado regularmente, perde grande parte de sua força física, velocidade e resistência. As artes marciais exigem todos os três. Também requerem flexibilidade, equilíbrio, agilidade, consciência espacial e a capacidade de prever com precisão como o corpo interage com o ambiente quando está em movimento.

Por causa de sua complexidade percebida, as artes marciais são consideradas a única disciplina que você não pode aprender sozinho, em casa. Isso não é bem verdade. Como a maioria das atividades físicas, as artes marciais começaram no nível individual, onde tudo teve que ser desenvolvido do zero. Não havia instrutores no início e nenhuma instrução a ser transmitida. Quando se tornou necessário, por razões culturais e práticas, essa instrução foi inevitavelmente formalizada, um sistema foi criado e os instrutores se tornaram credenciados dentro desse sistema. Isso levou, por sua vez, a diferenciações em estilos com base em perspectivas filosóficas e culturais, e à necessidade de estabelecer uma autoridade incontestável dentro de cada estilo de arte marcial.

O resultado total disso levou a uma cultura de artes marciais inevitavelmente opaca, onde rumores sobre conhecimentos secretos abundavam, origens eram intencionalmente encobertas e onde a realidade e o mito se tornavam confusos. Avançando rapidamente até hoje, sabemos que as artes marciais são um tipo cinético de calistenia que utiliza os princípios básicos da física para transformar o corpo em um instrumento que pode ser usado para combate desarmado. Dentro desse framework, tudo o mais desaparece.

Existem, na verdade, apenas tantas maneiras de se socar e chutar, e apenas tantas combinações que podem ser colocadas eficazmente juntas. Isso nos leva, naturalmente, à óbvia pergunta não feita do parágrafo de abertura deste artigo: É possível aprender artes marciais em casa? Tradicionalmente, a resposta para isso era inequívoca: “não”. Hoje, com tudo que sabemos, é um retumbante “sim”. Aqui está o porquê: O corpo é uma máquina de otimização. Existem apenas tantas formas eficazes de socar e chutar. Se um completo novato começasse com o simples desejo de lançar socos e chutes, inevitavelmente, nas fases iniciais, tudo estaria errado: foco, posicionamento do corpo, sincronização, movimento da cadeia cinética inferior e superior, respiração e flexibilidade.

No entanto, com a repetição vem a fadiga e, com a fadiga, a inclinação natural do corpo para otimizar cada movimento em busca de eficiência energética se manifesta. Nesse estágio, com o tempo, um iniciante total, sem orientação presencial, se tornará tão hábil quanto um artista marcial que passa horas em pé praticando em uma sala de artes marciais. O cérebro precisa de tempo para aprender movimentos de combate. Todos que aprenderam uma nova dança entendem o processo. Começamos com os primeiros passos, os organizamos em sequência, tentamos memorizá-los e, então, os praticamos até desenvolvermos a memória muscular. Em seguida, passamos para os próximos movimentos e assim por diante. A memória muscular é multifatorial, consistindo em componentes tanto celulares quanto neurais.

O treinamento em artes marciais ativa ambos, obviamente, mas é o componente neural que precisamos dar tempo para se manifestar, quando treinamos em casa. Como se vê, há uma forte sobreposição entre artes marciais e dança. O corpo precisa de tempo para desenvolver força equilibrada. Se pudéssemos, de repente e magicamente, fazer todos os músculos do corpo crescerem até sua máxima força, a probabilidade é que ainda nos machucaríamos ao exercitar ou não conseguiríamos fornecer velocidade, poder e fluidez de movimento suficientes em alguns esportes.

A razão para isso é que a potência e a fluidez de movimento vêm do treinamento específico para esportes, que ajuda os músculos a coordenarem de maneira a desenvolver apenas a quantidade certa de força para máxima produção de potência. Nas artes marciais, como em toda atividade física, a prática leva à perfeição. Treinos em casa, com alguma persistência, o levarão a esse nível. Artes marciais são uma espécie de dança. Qualquer um de nós pode aprender movimentos de dança, por conta própria, em casa. As artes marciais não são exceção. Assim como em uma dança, leva tempo, paciência e persistência.

As artes marciais são uma experiência cinestésica completa. Novamente, isso não é muito diferente de aprender uma dança e dançar por alegria. Para realmente sentir os chutes e socos, o movimento das cadeias cinéticas do corpo e a coordenação da respiração e batimentos cardíacos com cada movimento exige algum tempo. À medida que a habilidade se desenvolve, no entanto, a experiência de treinamento, mesmo quando o treinamento não é tão difícil, torna-se totalmente imersiva. A barreira mente/corpo desaparece e o praticante se vê participando da atividade de artes marciais com todos os sentidos.

Os movimentos das artes marciais são um excelente exercício para o corpo e a mente. Eles ajudam na neurogênese, a criação de novas redes neurais no cérebro, combatem a demência, ajudam o cérebro a permanecer mais jovem e mais resiliente, e mantêm o corpo biologicamente jovem. As artes marciais também ajudam a desenvolver habilidades para a vida, como a capacidade de concentrar-se melhor e direcionar a atenção ao que importa, que podem ser usadas em outras áreas da vida. Enquanto aprender em casa pode fazer de você um grande artista marcial, não irá, no entanto, torná-lo um grande lutador. Como tudo, a luta competitiva requer prática de sparring e para isso você precisa de um clube de artes marciais, um instrutor e muitos parceiros de sparring diferentes.

Mas se artes marciais competitivas não é o que você está procurando, aprender artes marciais em casa, por conta própria, de muitas maneiras, é um retorno às raízes de todas as disciplinas de artes marciais. Você se beneficiará imensamente em sua saúde física, mental e psicológica.

Programas que você pode experimentar: Codex do Lutador, Fogo do Coração, HIIT de Combate, Primeiro Boxeador, Upgrade Avata.