A Importância da Forma na Corrida

A corrida é uma das melhores formas de exercício que existem. Ela faz com que o seu sistema cardiovascular trabalhe mais (tornando seu músculo cardíaco mais forte e eficiente), melhora a capacidade do seu corpo de usar oxigênio a cada respiração que você dá (seu VO2 máximo), e ainda ajuda a melhorar um pouco sua capacidade aeróbica (que é determinada por genes) ao fazer os pulmões se expandirem um pouco mais. Ela fortalece suas pernas, ajuda seus braços, pescoço, costas, quadris e coluna a se sincronizarem e, quando você está se divertindo, também faz você se sentir livre. Totalmente no controle do seu corpo e da sua vida.

A corrida também é um exercício estranho. Quando feita corretamente, em uma velocidade constante, ela queima quase tantas calorias quanto caminhar. Isso ocorre porque, quando você começa a correr, seu corpo faz isso porque a velocidade do seu movimento é desconfortável para caminhar, e correr ajuda seu corpo a otimizar o uso de recursos. Corredores experientes utilizam a estrutura musculoesquelética do corpo para transferir a maior parte da carga gerada pela corrida para os ossos, com os músculos quase não fazendo trabalho algum. Para que eles queimem combustível e melhorem seu condicionamento físico, precisam aumentar o nível de esforço, pressionando seu corpo além de sua zona de conforto.

A forma é crítica. Ela ajuda a economizar energia, a correr de forma mais eficiente e evita lesões. As razões pelas quais nos cansamos ao correr são:

• Nossos músculos se cansam com as vibrações dos pés batendo no chão o tempo todo;
• Nossos músculos intercostais se cansam de levantar o diafragma para que possamos respirar mais fundo (para um olhar sobre a mecânica da respiração, confira este artigo);
• Utilizamos todo o combustível disponível em nosso corpo;
• Não conseguimos obter oxigênio suficiente nos músculos para que funcionem corretamente;
• Nosso sistema cardiovascular não consegue lidar com a carga e o fluxo sanguíneo para os músculos fica restrito;
• Nossos músculos trabalham em direções opostas, criando enormes ineficiências energéticas que tornam a corrida mais difícil.

Cada uma dessas seis razões é sustentada por um enorme número de etapas bioquímicas e neurológicas que envolvem a criação de ATP no corpo, a liberação e absorção de íons de cálcio e os níveis de hemoglobina em sua corrente sanguínea. A boa notícia é que, independentemente da complexidade de tudo isso, uma boa forma de correr minimiza o estresse sentido pelos músculos, o que significa que, mesmo que nada mais mude em seu corpo (seu coração não fica mais forte com o tempo, seus níveis de VO2 máximo permanecem os mesmos, seus músculos não se tornam resistentes à fadiga), você ainda verá um ganho em sua capacidade de correr mais rápido e por mais tempo.

Em sua essência, uma ótima forma de correr é projetada para anular, tanto quanto possível, a carga de estresse da corrida no corpo e tornar a tarefa de transportar seu corpo, em velocidade, sob seu próprio poder, parecer sem esforço.